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Editorial

 

Paola Salinas*

 

Neste número, as questões relativas à sexuação se articulam ao primeiro eixo de nossas jornadas: O corpo sexuado no século XXI.

 

Lucíola de Freitas apresenta o que seria uma questão preliminar à discussão da sexualidade e do gênero, do ponto de vista da psicanálise, marcando que esta “se ocupa das relações do sujeito com seus modos de gozo – com o gozo dos corpos que perturba as identidades – e não da anatomia como produtora de normatividades”. A partir da ideia de que a experiência do inconsciente é um poderoso solvente para certezas de todo tipo, Lucíola articula a experiência analítica como um lugar para alojar o indecidível.

 

É no um a um que podemos saber dessa decisão. Luiz Gonzaga, em seu comentário a respeito do trailer de Garota Dinamarquesa, diz que “a direção da análise é ir de S2 a S1, visando encontrar o que faz marca ao ser falante e é responsável por seu gozo. No caso de Lili, a hipótese que a história deixa, é de que ele, ao se transformar, encontra uma nova maneira de funcionar, Mulher-sinthoma em sua função de quarto nó, levando-a a se encontrar com uma certa forma de satisfação, embora tendo que lidar com o custo de seu desejo”. Uma saída singular diante da questão da posição sexual e da identidade.

 

Mônica Bueno de Camargo, no comentário da entrevista de Clotilde Leguil, destaca um ponto fundamental: a psicanálise oferece uma via que permite fazer de ser homem ou de ser mulher uma aventura fora da norma, dita sempre em primeira pessoa, destacando que nos discursos de gênero a questão da interpretação do corpo feminino também fica de fora. Mônica ressalta da entrevista uma linha preciosa: “A relação ao feminino é mais da ordem de uma assunção de ser a partir da falta que da ordem de um assujeitamento à norma”.

 

Eliane Costa Dias fala da parceria amorosa impossível, calcada na ilusão de plena satisfação. Faz um percurso a partir de Zizek, abordando o estranho, o creeppy, na atualidade das relações, discutindo as posições masculina e feminina. Aponta que a a resposta da psicanálise para o mal-estar contemporâneo não se articularia a uma busca de saber e dominação (saída ilusória da ciência), mas a um “saber fazer” com o gozo feminino.

 

Com tais questões e possíveis saídas, os convido à leitura!

 

*EBP AMP

 

 

Sonhar é transportar-se em asas de ouro e aço/ Aos páramos azuis da luz e da harmonia; / É ambicionar o céu; é dominar o espaço/ Num vôo poderoso e audaz da fantasia.

É ver no lago um mar, nas nuvens um castelo, / Na luz de um pirilampo um sol pequeno e belo; / É alçar constantemente o olhar ao céu profundo. /

Sonhar é ter um grande ideal na inglória lida: / Tão grande que não cabe inteiro nesta vida, / Tão puro que não vive em plagas deste mundo.

Fugir ao mundo vil, tão vil que, sem cansaço,/ Engana, e menospreza, e zomba, e calunia; / Encastelar-se, enfim, no deslumbrante Paço / De um sonho puro e bom, de paz e de alegria.

SINTOMA E TRANSEXUALISMO

 

Luiz Gonzaga Sanseverino Junior*

 

Sabemos que o sintoma é uma resposta ao Um do falasser.

 

Um é o encontro do significante com o corpo que, quando traumático, faz acontecimento de corpo, o que influenciará o sujeito ao longo de sua vida, fornecendo a maneira de como será enodado R S I, pela via do quarto nó, isto é, seu modo de funcionar, seu sinthoma. LEIA MAIS...

HOMME/FEMME APRÉS LACAN*

 

Mônica Bueno de Camargo* *

 

A entrevista consiste em duas perguntas que resultam em um material rico de articulações, apontando para questões essenciais da contemporaneidade.

 

Clotilde Leguil cita diversos estudos e autores, inclusive de literatura, para traçar articulações sobre questões do contemporâneo: a “ditadura do mais de gozar”, a utopia própria de nossa época de se crer livre em relação ao sexual.

 

O que rege esses discursos de gênero é o direito à democracia sexual, direito ao gozo e de se definir a partir da própria sexualidade. LEIA MAIS...

O SAPO ABRAÇADO À GARRAFA DE CERVEJA: CONVERSA COM O TEXTO DE SLAVOJ ZIZEK – “Quando a sexualidade se torna sinistra”

 

Eliane Costa Dias

 

No texto When sexuality becomes creepy (ŽIŽEK, Slavoj (2015) Quando a sexualidade se torna sinistra. Lacuna: uma revista de psicanálise, São Paulo, n. 0, p. 10, 2015. Disponível em: http://revistalacuna.com/2015/09/29/quando-a-sexualidade-se-torna-sinistra/), publicado recentemente no número inaugural da Revista Lacuna (mais uma revista de psicanálise online), o filósofo e cientista social Slavoj Zizek afirma:

 

“A sexualidade hoje vem sendo reduzida cada vez mais às satisfações encontradas nos objetos parciais: LEIA MAIS...

NOTAS SOBRE IDENTIDADE DE GÊNERO E SEXUAÇÃO

 

Lucíola Freitas de Macêdo*

 

É certo que a psicanálise se ocupe da sexuação, cujo horizonte não é o das identidades de gênero. A psicanálise de ocupa das relações do sujeito com seus modos de gozo – com o gozo dos corpos que perturba as identidades – e não da anatomia como produtora de normatividades ou da anatomia como uma camisa de força. A experiência do inconsciente é um poderoso solvente para certezas de todo tipo. A lógica da sexuação, para a psicanálise, tende a romper o sentido de categorias genéricas, tais como heterossexual, homossexual, bissexual, transexual, pansexual, etc. Ela tem afinidades com a lógica do não todo e do um por um. Neste campo, não há relação fixa nem direta entre identidades de gênero e modalidades de gozo. LEIA MAIS...

 Calidoscópio #11

Boletim das Jornadas da EBP-SP
 
Corpo de Mulher
 
 6 e 7 de Novembro    Convidada: Marie-Hélène Brousse                                                                            (AME da ECF)

Boletim Calidoscópio #11 está no ar!!!          

CALIDOSCÓPIO - BOLETIM DAS JORNADAS DA EBP-SP

"CORPO DE MULHER"

 

Direção de Redação - Bernadette Pitteri

Revisão Crítica - Daniela Affonso

Edição e Montagem- Maria Marta Rodrigues Ferreira

Colaboração - Cristiana Gallo

Coordenação das Jornadas - Paola Salinas

 

DIRETORIA DA EBP-SP

Diretor Geral - Rômulo Ferreira da Silva

Diretora Secretária - Alessandra Pecego

Diretora de Biblioteca - Teresinha N. M. do Prado

Diretora de Cartéis - Valéria Ferranti

HELENA KOLODY, SONHAR (1912/2004)

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