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Editorial

 

NOTAS DA LIVRARIA

Maria Bernadette Soares de Sant´Ana Pitteri *

 

Livros, numa livraria, exibem um "saber exposto",

escritos que provocaram a censura de Tamuz a Toth,

o inventor da escrita, quando este foi, alegre e orgulhoso,

entregar a Tamuz, sua criação. 

 

“... Tal cousa tornará os homens esquecidos, pois

deixarão de cultivar a memória; confiando apenas nos

livros escritos, só se lembrarão de um assunto exteriormente e por meio de sinais, e não em si mesmos. Logo, tu não inventaste um auxiliar para a memória, mas apenas para a recordação..." (Platão, Fedro - Resposta de Tamuz a Thoth, inventor da escrita).

 

Se concordarmos com o rei Tamuz, livros serviriam apenas para a recordação, limitando a memória dos homens, acrescentando que: "uma coisa é inventar uma arte, outra julgar os benefícios ou prejuízos que dela advirão para os outros" (Platão, Fedro). Platão, citando a lenda da criação da escrita, vai mais longe em sua censura ao escrito: para ele, o escrito repete sempre o mesmo.

 

“...Falam das cousas como se as conhecessem, mas quando alguém quer informar-se sobre qualquer ponto do assunto exposto, eles se limitam a repetir sempre a mesma cousa. Uma vez escrito, um discurso sai a vagar por toda a parte, não só entre os conhecedores mas também entre os que o não entendem ..." (Platão, Fedro).

 

Lacan diria a Platão que nunca se trataria do mesmo, pois o significante nada significa, sendo a significação atributo do sujeito. Ora, uma livraria exibe um material escrito que, nem por ser sempre o mesmo, deixa de ser diverso, pois serve a qualquer um que a procure. Este "qualquer um" faz a diferença, pois cada qual ouvirá de modo particular o que o sempre mesmo escrito, guarda: os escritos, mesmo sob as censuras de Platão, necessitam de um espaço para circulação.

 

As Jornadas da EBP-SP, nos dias 6 e 7 de novembro terão sua Livraria, oferecendo as participantes as novidades publicadas pelo Campo Freudiano. Abaixo, uma pequena amostra das novidades a encontrar.

 

*EBP/AMP

 

 

 

 

 

 

 

Nada ficou no lugar/ Eu quero quebrar essas xícaras/ Eu vou enganar o diabo/ Eu quero acordar sua família/ Eu vou escrever no seu muro/ 

E violentar o seu gosto/ Eu quero roubar no seu jogo/ Eu já arranhei os seus discos/ Que é pra ver se você volta/ Que é pra ver se você vem/ 

SCILICET

Claudia Aldigueri*

 

O Scilicet do corpo falante é uma joia! O que o fez tornar-se preciosidade? Dois itens de extrema relevância: produção esmerada e atualidade dos verbetes. Comecemos pela escolha do trabalho de Vik Muniz, artista brasileiro, (https://youtu.be/61eudaWpWb8 - documentário Lixo extraordinário completo) que toma uma das obras de Eckersberg, uma mulher que se olha no espelho, e a reproduz com pedacinhos de revista rasgados, para o cartaz do X Congresso da AMP, no Rio de Janeiro, e a capa do Scilicet, O Corpo Falante: sobre o inconsciente no século XXI. Sobre essa “colagem surrealista”, leiam as articulações de Marcus André, na Opção Lacaniana #nº 70. (SCILICET)

 

Se a capa de Scilicet é uma colagem surrealista, seu conteúdo reúne “um mosaico de termos atuais” (Bassols: p. 7), 95 temas concernentes ao corpo falante em sua relação com o corpo vivo - corpo do dia a dia -, com a pulsão, com os acontecimentos de corpo, com a castração, com a perversão, com o corpo fragmentado, dentre tantos, além de temas que discutem o discurso do mestre do nosso século e os efeitos sintomáticos atrelados a ele, como as tatuagens, a pornografia, as selfies, os sex toys, bodyart, os cuidados excessivos com o corpo, as questões de gênero e o mundo virtual. Há mais, muito mais! Aqui, só uma leve pincelada para aguçar sua curiosidade. Excelente leitura!

 

*Correspondente EBP-SP

Que é pra ver se você olha/ Pra mim/ Nada ficou no lugar/ Eu quero entregar suas mentiras/ Eu vou invadir sua aula/ Queria falar sua língua

SER MÃE

Mulheres psicanalistas falam da maternidade

 

Paula Catunda

 

Marie-Hélène Brousse, convidada para a Jornada Corpo de Mulher, é uma das autoras do livro "Ser Mãe", junto com Dominique Laurent, Esthela Solano-Suárez, Agnès Aflalo, Anaelle Lebovits-Quenehen, entre outras psicanalistas.

Este livro foi publicado pela EBP neste ano, e escrito após a Jornada da Escola da Causa Freudiana, com o mesmo tema. Traz não só reflexões sobre a maternidade e o feminino, como questões relacionadas à contemporaneidade, as novas formas de família.

Temos hoje em dia, com o discurso da ciência, diversas mães: a mãe que adota, a mãe biológica, a mãe que doa, mãe de aluguel, mãe que é homem, mãe solteira, mãe adolescente.

Como nos diz Elisa Alvarenga: “Se para Freud a maternidade seria um dos destinos da feminilidade, a mulher não é sinônimo de mãe. Com Lacan, a mãe está do lado do falo, e, portanto, da castração, e a mulher é não toda fálica. A mediação fálica não drena todo o pulsional em uma mulher, nem toda a corrente materna. A maternidade é uma espécie de suplência ao gozo não todo de uma mulher.”

Cada autora irá relatar, então, um aspecto desta nova maternidade. As tecno-maternidades, as famílias homossexuais, o imperativo em ser mãe, as mães solteiras, as mães relatadas nas análises. Através da clínica percebem, que a análise permitirá a cada mulher construir um saber sobre a maternidade.

Eu vou publicar seus segredos/ Eu vou mergulhar sua guia/ Eu vou derramar nos seus planos/ O resto da minha alegria

SUPEREU UEREPUS

Das origens aos seus destinos*

 

Renata Alves Fornaciari

 

O livro apresenta um minucioso trabalho do autor na construção freudiana do conceito de supereu, começando com um estudo detalhado do caso do Homem dos Ratos, e de todo o percurso da teoria freudiana na construção do conceito, sempre articulando a teoria e a clínica, atento aos detalhes e às nuances da obra de Freud.

Antes de transmitir o ensino de Lacan e suas contribuições à teoria freudiana, o autor abordará o conceito em Melanie Klein e trará também as contribuições de Kant e Sade em capítulos específicos. O livro nos oferece um capítulo dedicado ao supereu feminino e também a contribuição de outros Analistas da Escola através de seus relatos de passe que mostram através de seus percursos o destino dado ao supereu ao fim da análise.

Um livro interessantíssimo, que nos brinda com um aporte teórico rico e detalhado da teoria, ao mesmo tempo em que é muito atual. Eu gostei muito e recomendo!

 

*Sérgio de Campos

Que é pra ver se você volta/ Que é pra ver se você vem/ Que é pra ver se você olha/ Pra mim

Que é pra ver se você volta/ Que é pra ver se você vem/ Que é pra ver se você olha/ Pra mim

Adriana da Cunha Calcanhotto

cantora e compositora brasileira

 Calidoscópio #16

Boletim das Jornadas da EBP-SP
 
Corpo de Mulher
 
 6 e 7 de Novembro    Convidada: Marie-Hélène Brousse                                                                            (AME da ECF)

Boletim Calidoscópio #16 está no ar!!!          

CALIDOSCÓPIO - BOLETIM DAS JORNADAS DA EBP-SP

"CORPO DE MULHER"

 

Direção de Redação - Bernadette Pitteri

Revisão Crítica - Daniela Affonso

Edição e Montagem- Maria Marta Rodrigues Ferreira

Colaboração - Cristiana Gallo

Coordenação das Jornadas - Paola Salinas

 

DIRETORIA DA EBP-SP

Diretor Geral - Rômulo Ferreira da Silva

Diretora Secretária - Alessandra Pecego

Diretora de Biblioteca - Teresinha N. M. do Prado

Diretora de Cartéis - Valéria Ferranti

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