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Corpo de Mulher

Jornadas da EBP-SP 2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Hotel Meliá Paulista Business & Conventions. Av. Paulista, 2181

 

 

CORPO DE MULHER 

                                                                                                                                                      

  O tema que a EBP-SP escolheu para estas Jornadas de trabalho não se deixa revelar tão facilmente, tal como uma concepção baseada na suposta “natureza” poderia levar a crer, constituindo-se antes como uma questão. Sobretudo, e encore, considerando os problemas da época relativos ao corpo, que desvelam a complexidade de sua própria constituição, e ao feminino, quando, ainda no século XXI, o corpo das ditas “mulheres” são objeto de segregação e maus-tratos. Considerar também os deslocamentos do próprio movimento feminista na cultura e tudo que já foi dito sobre o tema das mulheres em psicanálise, implica ainda trazer para o debate o saber e os impasses que o discurso psicanalítico recolhe da sua experiência hoje, bem como os movimentos feministas, o discurso da ciência, os campos jurídico e religioso, não sem a arte que, desde Freud, ilumina o campo da psicanálise. 

EIXOS TEMÁTICOS

 PREPARATÓRIAS 

Rua João Moura, 627 cj. 193

CEP 05412-001 - São Paulo - SP

 

Telefone: 11 3081-8947

Fax: 11 3063-1626

 

Escola Brasileira de Psicánalise - São Paulo

 

Segunda - Sexta  08 am - 05 pm

 

INFORMAÇÕES

INFORMAÇÕES E DÚVIDAS?

 

Entre em contato pelo telefone: +55 11 3081-8947

informações

  Simone de Beauvoir, que descartava qualquer essência ontológica natural que qualificasse o “segundo sexo”, com a célebre afirmação “não se nasce mulher, passa-se a sê-lo”, atribuiu à sociedade patriarcal a matriz das identificações que terminaram por oprimir as mulheres, na luta pela igualdade, e não deixou de considerar também os efeitos da “pesada contingência corporal”, isto é, a menstruação, a maternidade e a menopausa, que as mulheres têm de suportar. Com as transformações do movimento, hoje o feminismo pós-moderno butleriano não defende mais a igualdade entre homens e mulheres, mas desconstrói o próprio binarismo, pretensamente normativo, por impor uma heterossexualidade compulsória baseada nos papéis ditados pela cultura e anatomia. Reivindica-se, assim, a propriedade de um corpo sem gênero, performático, deleite de um gozo sem os limites da castração e da diferença sexual. 

 

  Não sem efeitos, tal como indagava Lacan[1], "do que temos medo? De nosso corpo, e é precisamente o que manifesta o fenômeno da angústia". Assim, esse “vazio sinistro que há em tudo enquanto se espera que o coração entenda”, como escrevia Clarice Lispector, quebra uma das crenças mais fundamentais de que somos donos do nosso próprio corpo. A realidade corpórea não se reduz, nem ao organismo, nem ao júbilo narcísico da imagem de si que, frágil, inexoravelmente antecipa sua própria derrota. O corpo do qual padecia a histérica no palco de Charcot, e que abriu a via ao inconsciente para Freud, ilustra a dificuldade que implica ter um   corpo, quando a histérica essencialmente o recusa.

 

  E, ainda, ao “mistério do corpo falante” – tema inclusive que servirá de via para tratar do inconsciente no século XXI, conforme o título que convoca a Associação Mundial de Psicanálise para o seu próximo Congresso – não deixaremos de agregar, em que pese a revolução das mulheres na cultura e o feminismo que rechaça a alteridade do “feminino”, a locução “de mulher”, para adentrar o dark continent freudiano e, mais e ainda, abrir com Lacan, no litoral, essa Caixa de Pandora.

 Se A mulher não existe, segundo o aforismo lacaniano, como cada uma enfrenta o mistério do indizível do feminino para dar consistência corpórea à sua existência nos tempos do declínio do amor ao pai e do próprio binarismo homem/mulher que, efetivamente, encontra-se desmantelado na nossa civilização?

 A arte contemporânea rasgou o véu da beleza que outrora dava forma e unidade à imagem ideal do corpo, colocando a céu aberto os objetos extraídos do corpo como restos que, com o cheiro do ralo, subiram à cena. Quais os sintomas que a psicanálise recolhe na época em que são os Corpos que importam, os corpos aos quais finalmente nos reduzimos? Na pele, a inscrição de tatuagens, os cortes e a pouca costura nem sempre reúnem as peças soltas para compor um mosaico de um corpo que se sustente no mundo.

  Por fim, se uma mulher ainda pode encarnar o Outro sexo e ser Outra, inclusive para si mesma, escapando às identificações, ao império das imagens, aos imperativos de beleza, ao corpo tiranizado da pornografia e aos ideais da ciência, o gozo feminino, entretanto, distante da pontuação fálica, pode arrastar qualquer uma, lá onde o sujeito não mais se encontra, na experiência de um corpo Outro extraviado de si mesmo, onde uma “verdadeira” mulher sempre pode emergir.

 

 

Maria Josefina Sota Fuentes

Coordenadora da Comissão científica¹

 

 

 

 

 

 

¹ Composta por Ariel Bogochvol, Carmem Cervelatti, Heloisa Prado Telles, Maria Cecília Galletti Ferretti, Valéria Ferranti.

[1] Lacan, J. A terceira. In Opção lacaniana Revista Internacional Brasileira de Psicanálise n. 62. São Paulo, Eólia, dezembro de 2011, pág. 29.

argumento
eixos tematicos
preparatorio
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6 e 7 NOVEMBRO de 2015 

 CALIDOSCÓPIO 

Editorial

 

Para além da bela forma da imagem

 

Bem-vindos ao Calidoscópio.

 

  Este instrumento em cujo fundo há fragmentos móveis de vidros coloridos, que ao se refletirem sobre um jogo de espelhos angulares dispostos longitudinalmente, produzem um número infinito de combinações de imagens de cores variadas. Uma sucessão rápida e cambiante.

  Para além do sentido etimológico da palavra, as diferentes combinações podem servir para nos dar ideia de uma imagem una e bela; esta imagem que por vezes podemos supor nos corpos que se mostram íntegros, belos e aparentemente sem angústia.

  O vidro nos lembra os fragmentos, as peças soltas que são necessárias para que um corpo se faça.

  Teresinha Prado, que nos sugeriu o nome, faz menção a essa “profusão de pedaços soltos e embaralhados, que ao olharmos através da mágica dos espelhos pode se apresentar como algum tipo de unidade totalmente fictícia”.

  Em seu argumento, Maria Josefina Fuentes, Coordenadora da Comissão Cientifica, nos diz dessas possibilidades infinitas de amarração, mas também das peças soltas que não se apresentam mais como belas ou unas. Há algo nos corpos, que não se agrega no um, mas que se faz presente aos pedaços, em partes, na via do estranho.

  Ainda, o cálido, quente, contido no título do nosso Boletim, aponta para o vivo do corpo nesse calidoscópio, gozo que habita esse corpo e que participa desse mosaico que cada mulher tenta construir de si.

  Este mote, Corpo de Mulher, em nossas Jornadas, leva-nos ao trabalho em torno de um corpo enigma e nos instiga a tomá-lo em articulação com os diferentes discursos, apontando para a invenção necessária a cada um, nestes tempos em que, além do declínio do pai, o apagamento da diferença sexual está cada vez mais na ordem do dia.

 

  Insistir no tema Corpo de mulher implica destacar uma diferença feminina e o engajamento necessário do falasser que habita e é habitado por esse corpo, não sem um Outro gozo, inominável, que a mulher pode encarnar.

  Está aberta a conversa e o espaço para a produção. Tivemos um primeiro encontro na atividade preparatória, no dia 15 último, com Heloisa Caldas, membro da EBP/AMP, que nos falou sobre o “Corpo de mulher: da imagem ao gozo”, texto que em breve circulará por aqui. A escolha da imagem para nossas Jornadas, de Ariana Page Russel, nos traz a produção artística na invenção de um corpo; sobre esse trabalho e algumas de suas articulações poderemos contar nos próximos boletins.           

  Calidoscópio é o veículo da palavra e do escrito, de quem desejar aqui se inserir. Uma referência ao corpo de mulher, à invenção, à alteridade do Outro sexo, ao mistério da feminilidade que concerne ao corpo do ser falante como tal.

           

Sejam, desde já, bem-vindos às Jornadas da EBP-SP 2015!

 

Paola Salinas

Coordenadora das Jornadas

 

Acessem os comentários de Blanca Musachi "Dora Maar: Ser a mulher chorando de Picasso ou o problema de não ter um corpo para adorar?" (Acesse o link)  e de Cássia M. R. Guardado " O que a Psicanálise sabe das mulheres como gêreno" (Acesse o link). 

 

 

 

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TRABALHOS:

 

Os trabalhos deverão ser enviados à Coordenação da Comissão Cientifica no e-mail: josefinasfuentes@gmail.com, com cópia para paolasalinas11@yahoo.com.br. O autor deverá receber a confirmação do seu envio em 3 dias, caso isso não ocorra será preciso enviar o trabalho novamente.

 

Solicita-se que cada texto se oriente por um dos Eixos temáticos e que o Eixo escolhido seja indicado logo após o título do trabalho. O número máximo de caracteres para os trabalhos é 6000, incluindo espaços e notas, e deverá ser escrito na fonte Times New Roman, tamanho 12. A data limite para a entrega dos trabalhos é 10 de outubro.

Arte: Ariana Page Russell

Arte: Thais Orsi

Arte: Thais Orsi

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