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SOBRE A ARTISTA E A SKIN ...

Paola Salinas*

Ariana Page Russell, fotógrafa norte americana, de renome internacional, como podemos ver no site que veicula seu trabalho, fez aparições recentes que incluem o Royal Hibernian Academy, em Dublin; Town Hall Gallery, na Austrália; Adelphi University, em Nova York; e Museu de Arte Contemporânea, na Bolívia.

 

Seu trabalho tem sido veiculado em publicações como Art in America, Huffington Post, Wired, The Atlantic, VISION Magazine: China, e na monografia "Vestir", publicada pela Decode Books.

 

Foi destaque na ABC News 20/20 e fez participação recente no Sexto Encontro Mundial de Arte Corporal em Caracas, Venezuela, bem como uma exposição individual no Magnan Metz em Nova York em Dezembro de 2014, tendo outra agendada para este ano na plataforma Gallery, em Seattle.

 

Ariana recebeu seu MFA da Universidade de Washington, Seattle, em 2005.

 

O interesse pelo seu trabalho adveio do encontro com a imagem que causou o cartaz de nossas jornadas. Num primeiro momento algo de uma leveza, delicadeza e harmonia conquistaram o olhar, apontando para o singelo do feminino, contudo, do mesmo modo e com a mesma intensidade, se assim posso dizer, mostrava abertamente um estranho: cortes? ... Cicatrizes?... Dor...? Do que se tratava?

A pesquisa já nos dissera que uma invenção e não uma mutilação estava em jogo, o que despertou mais o desejo de incluir seu trabalho em nossa jornada.

 

Ariana, portadora de dermatografia, uma doença dermatológica que lhe permite desenhar em sua pele vergões indolores e temporários, faz arte a partir do seu corpo. Cria imagens que “exploram a pele como um documento da experiência humana, usando sua própria hipersensibilidade na pele para ilustrar maneiras que nos expõe, nos expressam, nos adornam e articulam”.

 

Assim, usando a experiência em sua própria pele como base para o trabalho artístico, ela parece ter atrelado à sua produção artística algo de uma espécie de ensinamento a respeito de si mesma que pretende passar adiante com a ideia “ensinar os outros a encontrarem inspiração em suas próprias experiências. Ao invés de sermos frustrados por coisas sobre nós mesmos que não podemos controlar (como uma condição da pele), podendo transformá-las em arte".

 

Russell também é autora de Skintome, um site sobre a pele e criatividade.

 

A seguir, temos em suas palavras um pouco mais de sua obra, através da entrevista concedida ao nosso boletim:

 

Paola Salinas: How did you have the idea to make from dermatographia an artistic intervention? Did it change something in your life?

 

Ariana Page Russel: One day back in graduate school in Seattle, I was photographing around my house. I noticed some dermatographia marks on my knee and liked how they looked, so I photographed them. I showed my professors and peers, and everyone really liked the skin photographs, to my surprise! With their support, I continued exploring what kind of art I could make with the dermatographia, and I've been inspired by it ever since! (It started in 2004)

 

P.S: How was coined the name Skintome?

 

A P R: Skintome came to me as a name for my blog because I was thinking about telling stories of sensitive skin--from my perspective as well as others. These stories are from the perspective of those of us with dermatographia, what it's like to have the condition, what we can do with it, how we treat it. A tome is a book, and it sounds like tone (skin tone), so I thought it was fitting. My blog is an online tome, full of stories of sensitive skin, health and art.

 

P S: What do you want to pass on with your art?

 

A P R: I want people to realize that we can find inspiration and beauty in anything, including our supposed flaws. And I want people to become more aware and appreciative of their skin.

 

P S: The things you write in your skin has other meanings for you? What makes you to choose a particular word?

 

A P R: What I draw on my skin is usually abstract: patterns, letters, and sometimes text. I'm thinking of decorating my skin with pattern, and also I give my body a voice. The messages from inside appear on the outside as abstract letters and text.

 

P S: How can we think your work from your skin as a "document of human experience"?

 

Skin contains our history, our experiences. It changes as we age, as we get more sun and scars and freckles and moles and wrinkles. Skin reveals our internal health too, for instance, blemishes can be caused by a mild food allergy. In this way, it's a document of how we live our lives, showing what we've been through and what's going on inside us.

 

Paola Salinas: Como você teve a ideia de fazer da dermatografia uma intervenção artística? Isso mudou algo em sua vida?

 

Ariana Page Russel: Um dia, enquanto estudava na faculdade em Seattle, estava fotografando ao redor da minha casa quando notei algumas marcas de dermatografia no meu joelho e gostei do que vi, então eu as fotografei. Mostrei aos meus professores e colegas e todos realmente gostaram das fotografias da minha pele, para surpresa minha! Com o apoio deles, continuei explorando que tipo de arte eu poderia fazer com dermatografia e desde então ela tem me inspirado! (Tudo começou em 2004)

 

P S: Como o nome Skintome foi cunhado?

 

A P R: Skintome chegou a mim como um nome para o meu blog, porque estava pensando em contar histórias sobre a sensibilidade da pele – da minha perspectiva, assim como da perspectiva de outras pessoas. Essas histórias são da perspectiva daqueles entre nós que têm dermatografia, como é ter essa condição, o que podemos fazer com ela, como nós a tratamos. Um tomo é um livro, um volume, e soa como “tom” (tom da pele – “tome/tone”), então, pensei que encaixava. Meu blog é um tomo (livro) online, cheio de histórias de pele sensível, saúde e arte.

 

P S: O que você deseja transmitir com a sua arte?

 

A P R: Eu quero que as pessoas percebam que nós podemos encontrar inspiração e beleza em qualquer coisa, incluindo nossas supostas falhas. E eu quero que as pessoas se tornem mais conscientes e admirem sua pele.

 

P S: As coisas que você escreve na sua pele têm outros significados para você? O que faz você escolher uma palavra em particular?

 

A P R: O que desenho na minha pele é geralmente abstrato: desenhos, letras e, às vezes, texto. Estou pensando em decorar a minha pele com desenhos e também em dar uma voz ao meu corpo. As mensagens do interior aparecem no exterior como letras abstratas e texto.

 

P S: Como podemos pensar o trabalho na sua pele como um “documento da experiência humana?

 

A P R: A pele contém nossa história, nossas experiências. Ela muda à medida que envelhecemos, à medida que tomamos mais sol e ficamos com cicatrizes, sardas, sinais/pintas e rugas. A pele também revela nossa saúde interna, por exemplo, manchas podem ser causadas por uma leve alergia alimentar. Desta forma, é um documento do modo como vivemos nossas vidas, mostrando aquilo pelo qual já passamos e o que está acontecendo dentro de nós.

 

Tradução: Francine Estevão

Revisão do inglês: Cláudia Aldigueri

 

 

*MEMBRO DA EBP/AMP

 

 

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